sábado, 22 de janeiro de 2011

Amor Instantâneo I

Mas que raio de raiar é este tal
que o teu olhar pungente provoca,
que me faz mesmo arder os poros da pele,
iluminando até as fracções de trevas
mais assombradas que em mim existem.

No outro dia acho que te Amei, outra vez.
Não sei bem de que feitio ou por que móbil.
Mas amei-te, quase sem suspeitas o escrevo.

O que senti?
Foi como se os borrões da tela se abolissem no geral,
e o que vem de longe se entendesse de perto,
e a solidão em Liberdade, já por si infernal,
se incendiasse num ápice inconcebível,
e as ruas íngremes se assimilassem mais com Planícies.

Se não te amei, então o que me ocorreu?
Dobrada fria à Campos não me foi servida que eu sei.
Portanto, mendigo por perdão se te empreguei
como solitária da minha razão,
pois tal destino não te estava traçado
num mapa que nem tão-pouco esbocei.

Mas admira-me com um certo desconcerto,
esta necessidade vasta minha,
de te tocar as Cordas já enferrujadas,
não desafinando para que a mensagem
te chegue clara e sem interferências.

Se vi um brotar do Sol casual nesse dia enevoado?
Penso que não: vi-te a ti numa utopia de olhos abertos.

António Seia
Maia, 14 de Fevereiro de 2010

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