quarta-feira, 28 de julho de 2010

Leitura d'outrora

Eu era apenas mais um livro,
na companhia de páginas numeradas,
que contavam histórias verosímeis.

Um livro jovem,
pois quando desfolhado,
ainda cheirava a novo,
gritando a inacabado,
e muito pálido por dentro.

Redijo-me objectivamente,
logo, só eu narro o que lês,
e passa-se num lugar algures ai,
desse lado da janela,
onde avistando o céu estrelado imenso
como letras a desaguar
como um rio sem nascente nem foz,
me afogava no escuro da negridão.

Uma busca insaciável de uma margem
onde me pudesse apoiar,
e de um cais onde aportar.

Mas,
cada capitulo é uma era distinta,
porque o que era já fui,
(e gosto de pensar que foi
uma fase efémera),
o que fui já não sou,
e o que sou ainda está por imprimir.



Lisboa, 6 de Janeiro de 2010
António Seia

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